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Leonardo da Vinci no local – criando a suspeita de que, em vez de pintar diretamente sobre o que existia, Vazari teria sobreposto seu trabalho, deixando um espaço de 10 a 15 centímetros entre os dois murais, com o intuito de preservar a obra original. Não é à toa que Marcos A. P. Ribeiro se vale da expressão como título para esta coletânea, que reúne sua produção poética entre 1980 e 2013. Seja pelo lado pictórico presente em muitos dos poemas – como no olhar do viajante que descreve o verde na cabeça dos patos em Zurique, ou na reação diante de um quadro no museu de arte moderna em Köln – ou em tantas outras cenas que ele muitas vezes traduz com um olhar de cronista, seja em Paris, Munique, ou principalmente em Salvador, é na exploração dessas várias camadas da escrita ao longo dos anos que a poesia ganha novo sentido, em perfeita sintonia com uma obra literária marcada pelo registro da imagem e da memória.
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