A Domesticação da Gramática de gênero

Gramática é um assunto que causa arrepios nos falantes de uma língua. Tem o mesmo efeito em boa parte dos estudiosos da linguagem. Isso se dá, em ambos os casos, pois essa expressão remete ao famigerado manual de normas gramaticais que afligiram, e ainda afligem, infelizmente, nossos anos escolares. Para o segundo grupo, entretanto, gramática também acende o alerta de uma forma universalista de pensar língua, pensar uma língua idealizada de um falante ideal. O livro A domesticação da gramática de gênero busca desmistificar a blindagem gramatical defendida pela tradição linguística descritiva, dando especial atenção à tipologia linguística e seu método canônico, fissurando de alguma forma a estrutura do monumento gramatical, erguido desde tempos imemoráveis. Sua conceptualização desafia a “natureza estática da pedagogia gramatical”, cujas bases partem, principalmente, de noções descritivas tradicionais que remontam às origens da gramática até o final do século XIX. O livro é, também, uma provocação sobre o “ser” na gramática, sua musa predicativa, origem de suas categorias transformadas em classes de análise, dando ênfase à categoria nominal de gênero, por considerar sua função classificadora na gramática questionável e limitada. Através do gênero gramatical, o livro busca proporcionar um passeio histórico e contemporâneo de boa parte dos discursos materializados como juízo de valor e de verdade na prática linguística disciplinar e científica.
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