Ducrot é um linguista com uma sólida formação filosófica e uma amizade encantada pela literatura. Em O Dizer e o Dito aprofunda suas análises de interdito, das entrelinhas da significação: o enunciado é múltiplo de vozes e plural de sentidos. À semântica linguística não cabe determinar-lhe um sentido único e explicar-lhe a unicidade. Cabe, isto sim, reconhecer-lhe as várias direções, que se abrem e se fecham na sua enunciação, e procurar explicar essa polissemia constitutiva do discurso. Sentidos múltiplos, múltiplas vozes. Entre o explícito, o dito – como comentários do dizer – e o evento singular de sua enunciação, a produção e a reprodução dinâmica das imagens de um fazer: este que desconstrói o símbolo para limitar-lhe a ilusão do real e de suas representações.
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