Democracias espectrais: por uma desconstrução da colonialidade

O que é democracia? Como ela funciona? A democracia é somente um ideal? A democracia é o regime político mais justo? A democracia é o melhor para o futuro das sociedades? A tirania é a maior rival da democracia? A democracia é tirana e escravocrata? Podemos enxergar nela alguma esperança? A esperança na democracia não traz consigo o perigo de apostarmos na tirania como um meio? A democracia pode ser a favor de todos os membros de uma sociedade? Essas e outras perguntas surgem misturadas numa bela jornada, o que faz deste trabalho uma agradável experiência de leitura. Democracias Espectrais é fruto da pesquisa de doutorado de Marcelo Moraes, que reúne o rigor filosófico e a alegria na sua escrita. Um livro necessário. O autor tem o mérito de dar pistas para pensarmos e transitarmos por uma zona de pensamentos espectrais. O texto é denso, profundo e, ao mesmo tempo, suave e acolhedor. Não podemos deixar de lado o assunto central: a democracia. O mito ateniense da democracia faz parte da trama. Moraes nos diz que a democracia está muito mais para um horizonte especulativo do que para um regime. Seria a democracia, tão somente, um fantasma? Essa pergunta foi revirada de cabeça para baixo ao longo do livro. Afirmar que a democracia é espectral não significa dizer que ela não existe. O espectro, isto é, o fantasma está presente. Tudo que é virtual existe. Isso também não quer dizer que um fantasma exista como um não-fantasma. Tudo indica que o livro é um convite para entrarmos num jogo de espelhos. O passado da democracia e o seu futuro estão frente a frente num momento em que a democracia inspira amores e ódios profundos. Não se trata de dizer que a democracia está ameaçada hoje. A democracia nasceu em risco e assim permanece, ela não se realiza como suporiam os mais otimistas, tampouco ela está morta e enterrada como gostariam os seus rivais mais ferrenhos. Num diálogo entre África e Europa, a democracia inclui forças como o medo, a violência, a negociação e a falta de consenso. O livro propõe a filosofia ubuntu e o quilombismo como formas de democracia. Moraes conduz quem lê por um caminho sinuoso, algo que mais parece um labirinto e, ao mesmo tempo, um campo livre em que não podemos olhar muito à frente e identificar com convicção o que está por vir. (Texto escrito por Renato Noguera, publicado na orelha da versão impressa do livro)

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