A espiritualidade consiste na capacidade humana de transcendência e implica na união de conteúdos conscientes e inconscientes, que têm por trás de si toda a nossa ancestralidade, a qual se manifesta nos mitos e nas tradições presentes em todas as culturas e em todas as épocas, e que se expressam através do que Jung chama de arquétipos, que são imagens primitivas inseridas no inconsciente coletivo desde os primórdios da humanidade. A espiritualidade transcende a própria religiosidade, pois não se limita ou se deixa moldar por uma determinada confissão religiosa, mas abrange toda a realidade e todas as pessoas. Ao afirmar que a saúde consiste num estado dinâmico de completo bem- estar físico, mental, espiritual e social, a Organização Mundial da Saúde reconheceu que a espiritualidade é fator essencial da saúde humana. Não mais se justifica que, a partir de uma visão positivista, racionalista e cientificista do mundo, se despreze o conhecimento ancestral presente nas mais antigas e variadas tradições de espiritualidade. Afinal, estas tradições são veículos de manifestação do inconsciente coletivo, o que é notório desde as mitologias e tradições antigas. Assim, o presente livro propõe a união entre psicologia (ciência) e espiritualidade (transcendência) como caminho terapêutico de autoconhecimento mediado por uma das maiores expressões da transcendência humana que é o amor e, desta forma, a psicoespiritualidade como alternativa ao amor descartável pós-moderno, considerando o amor como expressão maior do self. O livro pretende, deste modo, estabelecer um diálogo multidisciplinar entre psicologia, sociologia, filosofia e teologia, tendo o amor como fio condutor de suas análises e como elemento essencial da psique e da espiritualidade humana.
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